quarta-feira, 18 de novembro de 2009






À procura dos Salminus Brasiliensis


Sempre que posso vou pescar na Barragem de Sobradinho, que fica à aproximadamente 60 km de onde moro. Ultimamente só tenho ido atrás dos pequenos, mas valentes tucunarés. A pedidos, nesse final de semana, fui conferir se os famosos dourados (Salminus Brasiliensis) do Velho Chico estavam ativos na Barragem de Sobradinho. Entrei em contato com um pescador da região (Chico Preto) e ele me informou que os “danados” estavam batendo bem no “pé” da Barragem – a montante de Sobradinho – mas que eu teria que chegar bem cedo, pois era o horário com melhores chances de se ferrar um dourado no corrico. O cedo dele quer dizer que teria que estar com o barco na água a partir das 5 h da manhã.



Corricando


Não tive como chegar lá nesse horário, mas já estava pronto para corricar às 6h45min! É quando começa o meu “sofrimento”. Já na primeira passagem pelo ponto determinado, com menos de 50 metros navegados tenho (sem esperar é claro!) a primeira ação: uma pancada seca e muito forte quase arranca a vara da minha mão, a carretilha deu duas boas cantadas, tentei dar uma confirmada, mas a linha afrouxa e noto que ele escapou. Nossa, que sensação maravilhosa! O coração vai a mil e eu fico me tremendo todo. Fiquei super animado e pensei: hoje é o dia de tirar um bichão para a foto. Como que por instinto, respiro e continuo com o corrico imaginando que tem outro dourado por perto. Naveguei não mais que 80 metros e então outra pancada forte, num reflexo só: desliguei o motor do barco, levantei e dei uma confirmada forte. A carretilha começa a cantar (rock clássico para meus ouvidos), outra dose de adrenalina e vejo a vara envergar, então começa o embate. Com mais ou menos 60 metros de linha entre eu e o belo dourado, ele resolve dar as caras num belo salto acrobático, lindo, é quase que instantâneo esse salto. Fico nervoso e ofegante, com medo de perder o animal. Começo a recolher a linha rapidamente, pois a fera estava vindo em minha direção, notei que se preparava para outro salto e então enfiei a ponta da vara dentro d’água na tentativa de evitar isso, por que é quando ele geralmente consegue se livrar da incomoda isca! Mas, felizmente, ele nem tomou conhecimento da minha estratégia e saltou novamente, dessa vez saindo completamente fora d’água. Digo felizmente, por que ver o salto do dourado é uma coisa singular, magnífica! Ele dá um verdadeiro show de apresentação. Consegue dar mais uns 3 ou 4 saltos, corre para um lado, depois para o outro, toma linha e então se rende já bem próximo do barco. Eufórico, pego o fish grip e consigo segurar o rapaz de 4 Kg! Mais uma foto garantida para meu álbum, delícia de peixe. Fazia tempo que não me dedicava a uma pescaria de Dourados, e já tinha esquecido como é emocionante a ferrada de sua majestade “o rei do rio”. Como na maioria das vezes, estava sozinho nessa empreitada e tive que colocar a maquina fotográfica em uma poltrona que fica na proa do meu barco, ligo o timer da maquina, corro para frente e faço pose para a foto. Nem sempre consigo bons resultado, mas “quem não tem cão caça com gato”. Fôlego recuperado, foto batida, peixe na água e volto a corricar. Lanço a isca de meia água uma JUANA da Borboleta de 17 cm cor branca.



O Rei do Velho Chico - Troféu



Navegando a baixa velocidade percebo várias ações dos dourados atacando os pequenos peixes ao redor, uma maravilha! Passo do ponto principal e acelero para fazer o retorno e passar novamente no mesmo ponto, é fazendo essa “curva” que recebo um forte tranco, nossa que pancada e vejo a ponta da vara descer parecendo que ai encostar-se à água, novamente por puro reflexo, desligo o motor, confirmo a fisgada e vejo um douradão, a mais de 70 metros de mim, dar um salto espetacular, grito de emoção! Dou outra confirmada e a briga segue, esse é bem maior que o outro. Meu coração dispara e começo a trabalhar o peixe, tento me acalmar para não perdê–lo. Esse só consegue dar outro salto e então vai para o fundo, carretilha com fricção a 80% canta como todo pescador gosta de escutar. Manobras e expectativas vencidas até que o rei se rende e consigo levantar o danado. Esse é simplesmente espetacular, 6 kg de pura força. Fico quase sem fôlego de tanta emoção. Novamente pose para as fotos “quase perfeitas rsss....”! Peixe devolvido, fôlego recuperado e então sento abro a primeira latinha (só para acalmar os nervos) , olho para o relógio são 7h30min da manhã, nossa que delícia! Continuo o meu “trabalho” e em apenas duas horas de corrico consigo várias ações e dois belos dourados para as fotos. É bom lembrar que ele consegue escapar muito nos plugs de meia água, o que para mim torna essa pescaria mais interessante ainda. No local não tem estrutura de defesa para ele ai o que vale é a sua habilidade em se livrar das iscas, com belos saltos!



Final do show



Encerro a pesca do dourado às 9h30min e resolvo continuar o dia atrás dos valentes tucunarés que também me rendem boas emoções. Não uso as isca colheres por achar que machucam muito a boca do dourado, apesar de que com esse tipo de isca é pouco provável que ele consiga escapar. Não está fácil achar os grandes dourados no Velho Chico por isso é essencial que tenhamos consciência em praticar exclusivamente a pesca esportiva ( “pesque e solte”) para essa espécie e dentro do possível levar essa prática aos outros pescadores, principalmente em época de defeso.

O quê usar:

1º Conjunto: Vara de 5,6” de até 20 lb - para corricar
Carretilha ou molinetes com pelo menos 130 metros de linha
Linha multifilamento 0,18 mm de 40 lb
shock líder de fluorcarbon de 0,38 mm para 40 lb ou 30 cm de empate de aço flexível de 40 lb.

2º Conjunto: Vara de 6,0” de até 17 lb - para pinchar
Carretilha ou molinetes com pelo menos 100 metros de linha
Linha multifilamento 0,32 mm de 40 lb
shock líder de fluorcarbon de 0,38 mm para 40 lb ou 30 cm de empate de aço flexível de 40 lb.





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